Chris Columbus, diretor de Percy Jackson e o ladrão de raios, é daqueles cineastas que só podem existir dentro de uma estrutura industrial de produção como Hollywood. Nunca foi um autor – seus filmes frequentemente têm mais a cara de seus produtores que dele. Mas ninguém entende mais que ele do timing da ação, do clima de fantasia e encantamento, da integração de efeitos à narrativa – enfim, daquilo que, nos tempos atuais, mais identificamos com Hollywood.
Esse conhecimento artesanal do cinema vem dando frutos materiais e contribuições artísticas ao longo dos anos: como diretor, Columbus assinou sucessos como Esqueceram de mim ou Harry Potter e a pedra filosofal. Como roteirista, foi co-responsável por dois grandes filmes produzidos por Steven Spielberg, Gremlins e Os goonies, ambos marcados por diálogos espertos e peripécias inventivas na recapitulação de velhas estruturas da comédia, do filme de aventuras e da narrativa de fantasia.
Percy Jackson pode não estar à altura das obras mencionadas acima. Mesmo assim, agrada os que buscam apenas entretenimento no cinema. O filme parte de uma fórmula frequentemente usada pelo cinema de fantasia – a interferência, nos dias de hoje, de forças que integram mitos antigos. Logo no início da película, o jovem herói Percy Jackson (Logan Lerman) descobre que não é uma pessoa comum, mas um semideus, filho de sua mãe humana e do deus grego dos mares Poseidon. Descobre, também, que a arma do mais poderoso dos deuses antigos, Zeus, foi roubada, e que todo mundo pensa que o garoto é o ladrão. E que o furto pode levar a uma guerra capaz de destruir toda a Terra. Em sua jornada para resgatar a mãe das garras de Hades (deus dos infernos), encontrar o raio e devolvê-lo a Zeus, Percy encontrará aliados e inimigos nos mais inesperados locais, e enfrentará sua iniciação rumo à idade adulta e ao amor.
E tudo é apresentado dentro de uma concepção visual magnífica, sempre marcada pelo choque entre elementos contemporâneos, efeitos visuais de primeira e evocações da antiguidade – as serpentes que formam a cabeleira de uma Medusa completamente fashion (interpretada por Uma Thurman) são bom exemplo disso, da mesma maneira como o jogo entre os trajes contemporâneos dos heróis e as harmonias clássicas da cenografia do Olimpo.
Percy Jackson pode não conter nenhuma grande lição para a vida dos espectadores; mas enche os olhos, excita os sentidos e diverte um bocado.
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