Entrevista com os Riordan

O Percy Jackson BR postou um entrevista muito legal com Rick Riordan e seu filho Harley.

Confiram a seguir entrevista com Rick Riordan e seu filho Haley, que saiu no início de fevereiro no site jornal The Guardian, do Reino Unido.

Percy Jackson: A aventura particular do meu garoto!

Por: Sally Williams

O filho de Rick Riordan, Haley, tem dislexia e ADHD (Transtorno do déficit de Atenção/Hiperatividade). Quando tinha nove anos, ele se recusava a ler, mas passou a amar os mitos gregos assim que Rick transformou seu menino em um herói atual – Percy Jackson – de uma série de livros best-sellers e agora um filme de Hollywood!

Rick Riordan com seu filho Haley, que inspirou as histórias de Percy Jackson – agora um filme que conta com Pierce Brosnan e o Uma Thurman no elenco.(Fotógrafo: Shaminder Dulai/Rapport)

A vida de Haley Riodan (15 anos) transformou completamente filho graças ao jovem filho de um deus grego que adora participar de aventuras e matar monstros cuspidores de fogo.

Percy Jackson é a criação de Rick, pai de Haley um ex-professor do Texas. As aventuras de Percy Jackson (que são cinco livros ao todo) são best-sellers enormes (o Último Olimpiano, último livro da série teve uma impressão inicial de mais de 1.2 milhões de livros) e atraem multidões que se enfileiram para comprar os livros. Agora Percy está a ponto de se tornar ainda mais famoso, depois que suas aventuras viraram um filme que tem no elenco atores como Uma Thurman e Pierce Brosnan.

No entanto, Percy é um super-herói improvável: ele nunca tirou mais que um C em sua vida e acredita ser um perdedor, até a página 88 do Ladrão de Raios (o primeiro livro da série). Percy que tem hiperatividade e déficit de atenção (ADHD), como Haley – em quem o caráter foi baseado – percebe que isso significa mais do que ver palavras misturadas na página, sua mente reage melhor ao grego clássico e esse déficit é fundamental para sua vida e o manterá vivo no campo de batalha.

Percy mudou minha vida, “diz Haley.” “Você lê muitos livros e nenhum deles têm um herói que seja disléxico ou tenha ADHD – eles sempre são perfeitos, em um mundo perfeito que faz coisas perfeitas. Percy é, de fato, cheio de falhas e tem que lutar contra isso e ao mesmo tempo lutar com monstros”

A Trama começou como uma história “de dormir” contada para Haley, na época com nove anos. O menino se recusava a ler e se fosse mandado a escola, ele iria se esconder debaixo da mesa e chorar. Haley, por outro lado, sempre foi fascinado pelos mitos gregos, e Rick contava a eles as histórias. Quando as idéias acabaram, Haley pediu para o pai inventar uma, e foi aí que Percy foi criado.

Eu encontro Rick, 45, em seu repouso em San Antonio, Texas, onde vive com sua esposa, Becky, 45, e seus dois filhos, Haley, 15, e Patrick, 11. Rick, dispensa a aparência formal, usando uma simples camisa azul e uma calça cinzenta. Apesar de ter uma prosa simples nos encanta com sua capacidade emocional bem profunda. Ele desistiu da sua carreira como professor há 5 anos, mas ainda vê-se como um educador que quis fazer algo diferente.

“Eu recebi um número enorme de email e de cartas das famílias que têm crianças que são ADHD ou disléxicas. Um de meus favoritos é de uma garota que me escreveu e disse que sempre foi muito humilhada por ter dislexia, mas após ter lido os livros Jackson e ela carrega essa característica como uma grande honra. Isso significa muito para mim. Há muitas outras crianças pelo mundo que, assim como meu filho, tinham a sensação de achar que tinha algo de errado com elas, e isso é simplesmente uma forma diferente de processar informações.”

Ele diz que não está tentando pregar algo para as crianças, mas sim fazê-los ter interesses em histórias cheias de humor, terror e excitamento para mantê-los presos as páginas dos livros. “Eu tenho muita simpatia com os leitores relutantes, porque eu era um, e fazia qualquer coisa para evitar ler. No meu caso isso durou até eu completar 13 anos quando descobrir O Senhor dos Anéis e passei a amar a leitura.”

Mas seus livros, mesmo que não tenham nenhuma moral, têm um tema constante, que é a complexidade familiar. Percy adora sua mãe mortal Sally, que trabalha em uma loja de doces, odeia seu padrasto Gabe, e é ambivalente sobre seu pai, Poseidon, que só aparece ao filho quando ele já tem 12 e porque precisa de um favor.

“Nós tendemos a pensar em famílias divorciadas ou complicadas como uma invenção moderna, o que de maneira alguma é verdade” diz. “Você somente tem que ler os mitos gregos para ver casas pertubadas, viúvas, divórcio, filhos bastardos, crianças tentando se relacionar com os pais.”

Sua própria vida familiar é notável, filho único de dois professores conheceu sua esposa quando tinha apenas 15 anos. “Nós éramos namoradinhos de colégio. Crescemos juntos e é difícil se livrar de algo assim porque ela sabe de tudo sobre mim”. Após ter estudado o inglês e a história na universidade de Austin, Texas, Rick treinou para ser um professor, especializando-se nos de 11 a 14 anos de idade. “É uma época crítica na vida das crianças, cheia de dúvidas. Eu acho que é uma faixa etária muito gratificante para trabalhar, pois são anos cruciais.” afirma.

Ele começou a escrever quando tinha 13 anos, e publicou seu primeiro livro aos 29, Big Red Tequila, sobre um detective particular em San Antonio, e esse foi o primeiro livro da série de mistério Tres Navarre para adultos. Rick estabeleceu uma rotina para dar aulas e escrever um livro por ano, mas depois desistiu de lecionar em 2005, após vender a série Percy Jackson.

Os livros são grandes best-sellers, mas não dá para escapar que há mais de uma semelhança com outro menino, o bruxo Harry Potter. Ambos freqüentam escolas para crianças com poderes especiais (Hogwarts; Acampamento Meio-Sangue), ambos usam pontos turísticos como portão para os mundos secretos (estação King Cross; Prédio Empire States); e ambos possuem ajudantes fiéis (Rony e Hermione; Grover e Annabeth).

Percy é semelhante a Harry Potter? “Sim, com certeza,” Rick anuncia, “mas eu não acredito que seja porque Percy foi formulado após Herry Potter. É porque ambos são originados da mesma fonte. Muita coisa sobre o que JK Rowling escreveu foi retirado da Mitologia Grega: a idéia de mágica fazendo parte do mundo; de grandes forças que não podemos ver; um protagonista jovem que é diferente, mas então ele descobre que ele, na verdade, possui um grande destino pela frente; ele possui habilidades fantásticas, mas necessita de treinamento para que elas sejam bem utilizadas; ele tem que descobrir que seu destino será revelado ao entrar em uma grande aventura e ao completar um grande desafio. – bom, eu acabei de descrever Harry Potter. Eu também acabei de descrever Hércules, Percy Jackson, Perseus e Teseus.”

Porém, ele é o primeiro a admitir que JK Rowling foi uma influência. “Como professor, eu nunca vi nada parecido com Harry Potter. Por isso que eu argumento quando as pessoas falam sobre ‘o próximo’ Harry Potter. Não há ‘próximo’ Harry Potter. Nunca houve um Harry Potter antes de Harry Potter. É algo completamente sem precedentes na literatura infantil. Eu tinha alunos que leram esses livros 13, 14 vezes e eu falava. ‘Grande livro, mas não há nada além disso que você queira experimentar?’ E eles respondiam, ‘Não há nada tão bom assim’ ”.

Então, ele diz que “aprendeu algumas coisas” na mistura de humor, mistério, aventura, ação e caráter da autora. No entanto, Rick Riordan fala que o maior legado dos livros foi que eles abriram portas “Fez os editores enxergarem que havia um mercado para literatura infantil, e isso me convenceu e convenceu a milhares de autores que escrever para crianças era uma coisa viável a se fazer”.

Agora ele é um escritor de tempo integral, mas diz: “Eu temo que tenho ADHD, assim como Percy. Há dias que quando escrevo por 15 minutos eu tenho que desistir, levanter e me movimentar, e volto para escrever mais um parágrafo e desisto novamente. Em dias que eu fico realmente focado no processo de escrita, eu sento as 8 horas da manhã e só levando as 8 da noite”.

A outra diferença é que Haley está mais confidante e até está escrevendo seus próprios livros – uma conquista que ele avalia como “um momento de apontar na sua cara” para todos os professors que ignoraram ele. “Basicamente, eu continuo a escrever um pouco errado, mas é o máximo que a dislexia me afeta agora.”

Ele foi esperto ao apontar que são livros longos – mais longos até que os livros que Rick Riordan escreveu. “Assim que ultrapassei ele, eu fiquei surpreso, é maior que os seus!” Ele sorri para seu pai e Rick sorri de volta. Ele já viu isso antes, claro, “Um herói grego tem que fazer seu pai orgulhoso! E também deve superar ele”,diz Haley.

“Isso é uma grande motivação, especialmente para jovens garotos.”

Para conferir a entrevista em inglês cliquem aqui!